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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Junção de Vilar a Chamoim!!!



Vilar: Agregação de freguesias causa polémica e Junta envia desmentido




A Junta de Freguesia de Vilar, concelho de Terras de Bouro, afirma em comunicado de imprensa que foi efectivamente realizado, em Novembro do ano passado, um referendo na localidade relativo à junção de freguesias, ao contrário do que refere Alexandre Pereira, da CDU, em declaração de voto. A autarquia de Vilar sublinha ainda que a esmagadora maioria dos habitantes se mostraram favoráveis à agregação com Chamoim.
Ainda no comunicado pode-se ler que o único motivo que leva a freguesia a aceitar esta junção é a lei que obriga à agregação de freguesias com menos de 150 habitantes, o que abarca Vilar que tem 148. A Junta deixa ainda a ressalva de que o presidente do município terrabourense, Joaquim Cracel, «fez todos os esforços para que as duas freguesias se entendessem», agradecendo também a disponibilidade da Junta de Chamoim para a resolução da questão.

Fonte: O Amarense, 3 Outubro de 2012



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Poema de Miguel Torga


Como ser humano sou um admirador apaixonado por todas as obras escritas por este excelente autor!!! "Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração. A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor. Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo. Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe! "
Miguel Torga in "Diário (1942)"